quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Lula e o SUS


Logo após notícias bombásticas que mais uma vez encheram de adjetivos o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, recebemos a notícia do câncer laringe do ex-presidente (e quase Cristo brasileiro) Luís Inácio Lula da Silva. A comoção de todos é quase que inevitável afinal, Lula mudou a situação do povo brasileiro com programas como o “Bolsa Família” que, querendo ou não, ajudou a mudar a situação da população de baixa renda.

O “pai dos pobres” optou por fazer o seu tratamento pelo sistema privado de saúde, sendo atendido num dos maiores hospitais de São Paulo, o Sírio Libanês. Reflitamos quanto a esse fato. Por que logo ele, que acredita no poder do Estado de igualar o povo, escolheu se separar da maioria da população brasileira que opta obrigatoriamente por fazer uso do sistema público de saúde que, nas imagens das campanhas eleitorais, se torna a 8ª maravilha do mundo?

A resposta é clara: porque nosso sistema público de saúde está longe de ser aquilo que precisamos e que as campanhas dos governos mostram e por isso, acaba se estabelecendo um direito, não institucionalizado, do rico, à saúde de qualidade.  Enquanto muitos sobrevivem aos corredores de hospitais públicos, alguns poucos recebem tratamento de luxo nos hospitais particulares (quase spa’s). Isso acontece porque esses poucos podem pagar, ou seja, um direito garantido pela nossa Constituição e pela declaração internacional dos Direitos Humanos, tornou-se mercadoria.

Caso vivêssemos num país onde todos, de fato, tivessem os mesmos direitos garantidos, essas distinções não existiriam, e hospitais particulares e outras instituições que nos vendem aquilo que nos é garantido por lei e que o Estado não nos fornece não teriam razão de existir.

Lula iniciou seu tratamento alguns dias após descobrir o mal que o afeta na laringe, enquanto muitos demoram meses para iniciarem seus tratamentos e algumas vezes recebem o tratamento quando o quadro já se tornou irreversível. A situação está clara e exposta a todos e há ao menos uma concordância nacional: as coisas precisam mudar.

Creio que para os nossos políticos se sintam estimulados a melhorar os serviços públicos, devem, eles e seus dependentes, ser usuários dos serviços. Seus filhos devem estudar em escolas públicas, suas esposas devem andar de ônibus, e só poderiam usar o SUS. Que tal?

No mais, desejo a Lula que se recupere o mais rápido possível para continuar estimulando os brasileiros a serem cada vez mais esperançosos e para mostrar que assim como ele mesmo diz: A esperança vencerá o medo! Força, Lula!


sábado, 22 de outubro de 2011

Os Capitães da Areia e os capitães da vida real


Sábado à tarde, shopping vazio, cinema baiano depois de um pão recheado de milicos que me serviu de almoço e a companhia de minha mãe; esses foram os elementos da minha grande tarde de hoje. Fomos assistir à adaptação para o cinema do livro Capitães da Areia, de Jorge Amado dos Ilhéus.

A obra, dirigida pela neta do escritor, e que estréia nessa função, a carioca Cecília Amado, narra de maneira um tanto fiel ao livro, a história dos Capitães da Areia, um grupo de meninos que vive num trapiche, na cidade de Salvador, e que pelas circunstâncias da vida precisaram se tornar homens sem estarem preparados pra isso. Pirulito, Sem-pernas, Volta Seca, Gato e Pedro Bala, o líder do grupo (que é colocado no filme como personagem principal) ganham, no filme, o destaque dado a eles na versão escrita.

Para encarnarem as personagens, foram escolhidos garotos das comunidades de Salvador que tiveram uma preparação de 2 meses para participarem do longa. A atuação da garotada não é digna de nenhum Oscar, mas a função social dessa escolha da diretora deve ser exaltada. Apesar da qualidade mediana das atuações, o filme emociona e, assim como o livro, nos leva a refletir sobre  quem são as crianças que, como a quadrilha representada no filme, vivem de pequenos roubos e furtos. São simplesmente criminosos ou são vítimas de famílias mal-estruturadas e de nossa sociedade que pouco se importa com quem não tem dinheiro para manter a sua dignidade?

Aqui em Vitória da Conquista está voltando a ser comum vermos crianças e adolescentes em situação de rua fazendo uso de entorpecentes e realizando alguns crimes. Mesmo com essa situação, poucas vezes nos questionamos quanto aos motivos que levaram aquelas inocentes criaturas a mergulharem no sofrido mundo da rua, dos crimes e das drogas. Será que nos emocionamos tanto quando vemos esses meninos perdendo a sua infância diante dos nossos olhos e ao alcance de nossas mãos?

Assistindo ao filme, acabamos por enxergar em Bala um pequeno herói, mas continuamos vendo os garotos que estão todos os dias nas praças, nas ruas e nas portas de restaurante nos pedindo ou nos roubando alguns trocados, como pequenos vagabundos que logo devem ser pegos pela polícia para que sejam “corrigidos”.

Sei  que não sou apenas eu quem faz essa reflexão, mas toda vez que um filme brasileiro toca na questão social essas reflexões explodem nas boca do povo e com o tempo cessam. Será mais uma vez assim?  Nós continuaremos a pensar a sociedade desigual em que vivemos apenas quando as mídias nos estimularem?

Se assim for, continuaremos a ser manipulados pelas grandes redes e continuaremos odiando os oprimidos e exaltando os opressores até que nossas mídias sejam regulamentadas afinal, os veículos de radiodifusão são CONCESSÕES PÚBLICAS e a maioria do filmes brasileiros que entram no circuito comercial recebem incentivos governamentais e por isso precisam atender as necessidades reais do povo!



 Assista ao trailler do filme:
                                                                               

domingo, 9 de outubro de 2011

O que somos, por que somos e como somos e fomos?


Boa parte da humanidade já deve ter se acostumado a se questionar sobre a sua atual situação, seja ela política, ambiental, moral, ética, enfim, refletir sobre o presente para tentar planejar o futuro faz parte da cultura humana. Isso porque o homem já percebeu que o futuro depende daquilo que ele faz no presente.

Alfredo Coelho confirma essa tese ao afirmar que “Todo momento é passagem entre o que foi e o que ainda não existe. Está em nossas mãos uma parte da responsabilidade de construir o que será”. Com isso, Coelho acaba por afirmar, também, que não há intervenção divina no futuro da humanidade que, segundo a interpretação sugerida à frase, a humanidade torna-se a única responsável pelas situações a serem enfrentadas nos dias vindouros.

Assim também o é em relação ao presente que acaba por ser nada mais que conseqüência do passado, formando uma espécie de teia onde tudo é explicado de pela sua causa. Sendo assim, os acontecimentos sofrem relação de causa e efeito.

O homem atual então é fruto de seus antepassados como corrobora Fritjof Capra ao dizer que “O homem não teceu a rede da vida: ele é só um de seus fios. Aquilo que ele fizer à rede da vida, ele o faz a si próprio”. Os filhos do homem atual, se existirem, serão novos fios dessa rede, dependendo o homem única e exclusivamente de si e do que faz de seus relacionamentos e do meio onde vive. Concordando com essas premissas, Sartre disse que “O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”. 
 
Sendo assim, a idéia medieval de que há um ser controlando os acontecimentos, castigando quem o desagrada, concedendo “favores” a quem segue as suas leis e vontades, acaba sendo abandonada pelos autores das citações acima, já que assumem uma linha de pensamento que abandona o “infinito”, o “inexplicável” e adotam linhas de raciocínio ligadas ao “finito”, ao “exato”; idéias que ganham força com o advento do Iluminismo, por exemplo, que veio a estimular também, várias reformas no modo de pensar e agir da humanidade, ou seja, o Iluminismo criou força e transformou a cultura da humanidade. “Tudo o que é aceito sem questionamento vira rotina” essa citação de Basílio Prim explicita bem parte do pensamento que começa a criar forças.

 As influências iluministas são um tanto vastas e realizaram mudanças na vida política e intelectual da maior parte dos países ocidentais. A era das luzes, como também é conhecido o Iluminismo, foi marcada por transformações políticas como a criação e concretização de estados-nação, o crescimento dos direitos civis, e a diminuição do poder de instituições como a igreja.

Muitos agregam às idéias iluministas a responsabilidade pelo nascimento das correntes de pensamento que caracterizaram o século XIX: o liberalismo, o socialismo, e a social-democracia.

O abandono da visão medieval significava a ascensão de uma visão racional, matemática, lógica da vida como um todo. A busca pela exatidão e pelo cientificamente explicável passa a ser o objetivo a ser a ser alcançado. A partir daí, pesquisas científicas começam a ser realizadas com maior compromisso com os resultados e os métodos para alcançá-lo. O racionalismo e o empirismo acabam por crescer e ganhar valor.

O homem passa então a se entender como indivíduo responsável por seu futuro e passa a tentar planejá-lo. Com o tempo, percebe que a experiência a vai ajudá-lo a acumular conhecimento para se projetar tempos à frente, de modo a definir um “caminho” a percorrer para que seus objetivos sejam alcançados da maneira mais rápida e exitosa possível.

Tudo isso por entender o encadeamento dos acontecimentos, logo, percebendo a existência da lógica dentro deles. O homem se percebe como seu senhor, como sua mais potente arma e como seu próprio inimigo, fica claro que depende de si. “O homem é o lobo do próprio homem”. (Thomas Hobbes).

Essa linha demonstra bastante coerência ao abandonar os misticismos. O universo é regido, mas pela lógica, pelo explicável. Para tudo há uma explicação racional, científica, mesmo que não seja conhecida ainda. A existência de algum ser regente e criador dos acontecimentos pressupõe que esse ser é dono da inteligência suprema, um ser que criou uma lógica para os fatos e a obedece.

O algo que boa parte dos homens supõe existir e comandar o universo é, de certo, portador de grande amadurecimento, pois deixa suas criaturas livres para agirem e desenvolverem experiências e conhecimento, de modo que sempre saibam explicar o que sabem, como sabem e porque sabem. 

O que acaba por “martelar” a cabeça de quem reflete sobre assuntos como esse é a origem da primeira “coisa”. Essa “coisa” teria surgido do nada? Se assim pensarmos, somos fruto do nada? Então o nada pode gerar frutos? Pensar assim só confirma-nos que acreditamos que tudo vem de algo, mas de que?

sábado, 17 de setembro de 2011

Deus existe? O que é Ele?


Deparei-me uma noite com uma discussão que, geralmente, pouco muda a opinião das pessoas. Tratava-se de um tópico do Orkut, onde se discutia a polêmica existência de Deus. Muitos questionavam a existência de famintos e sofredores de outras mazelas pelo mundo.
O que pude perceber nas reflexões apresentadas por ambos os lados, os crentes (evangélicos ou não!) e os ateus, foi uma humanização do que chamam de Deus. Essa humanização é completamente natural, já que nossas mentes são um tanto fechadas ao que não conhecemos, sendo assim, tenta fazer com que tudo obedeça a uma ordem e tenha características conhecidas por nós. Se acreditamos que Deus é nosso criador, por que acreditar que devemos imaginá-lo segundo as nossas características?
Deus é algo superior a tudo o que podemos imaginar. Os seres humanos são, em sua imensa maioria, seres de evolução espiritual mínima, possuidores de livre arbítrio. O livre arbítrio existe e suas consequências são quase inevitáveis. Para mim, Deus não castiga ninguém, muito menos se zanga com suas criaturas, ele é muito superior para esse tipo de coisa, ele é fonte inesgotável de amor e deseja que, em nossas vidas aprendamos a amar sem medidas, sem condicionamentos, por isso permite que experimentemos as conseqüências de nossas escolhas.
Temos a consciência existencial, maior prova de que existe uma espécie de sopro divino em nós. O fato de entendermos que existimos e que podemos crescer nos obriga a procurar o crescimento, se para isso é necessário acreditar em Deus, Alah, Jah, Jeovah, Jaci, Tupã ou qualquer outra coisa, que acredite! Muitos sequer precisam acreditar em Deus,  para entender que podem, e por isso, devem ajudar ao próximo que se encontra em dificuldades.
O que realmente importa é a corrida pela evolução, em busca da concretização do amor livre das mazelas do ego que nos levam a crer que somos proprietários de algo ou alguém que amamos.
O amor é a lei!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Milhões de craques!

Sete de junho de 2011 tornou-se um dia histórico para muitos, principalmente para a Globo e os Ronaldomaníacos. A noite era de nervosismo pra muita gente: pros torcedores por causa da chance de ver Ronaldo pela última vez e a seleção pentacampeã mundial em campo; Pros jogadores, afinal era a última chance de mostrar do que são capazes de realizar dentro das quatro linhas e conquistar uma vaguinha no time que Mano Menezes levará para a Copa América 2011, que será realizada em julho, na Argentina e pro "Fenômeno" também, claro, afinal era a sua despedida oficial do futebol, como jogador profissional.

O jogo começou com os atacantes nitidamente nervosos, ansiosos por um gol sobre a consistente porém pouco perigosa seleção da Romênia. A bola chegava redonda esperando apenas o famoso último passe, que estava ruim, e, quando aproveitável, era desperdiçado pelo talentoso mas pecador Fred.

Aos 15 minutos do primeiro tempo a torcida já gritava o nome de Ronaldo, que entraria aos 30 para jogar apenas os últimos instantes da primeira etapa do amistoso. Nesse intervalo de tempo em que a torcida esperava a entrada do esférico atacante em campo, Fred fez o único gol da partida que deu a vitória à seleção Canarinho.

Enquanto assistia às partidas (de semânticas distintas), pensava, solitário defronte ao televisor, "porra, o gordo foi bom mesmo!". Passados alguns minutos lembrei-me que bons de verdade éramos, somos e seremos muitos de nós que testemunhávamos, mesmo que de longe, aqueles acontecimentos históricos.

Somos pais de família, trabalhadores, estudantes,crianças, homens e mulheres de toda ordem que todos os dias driblamos o cansaço de uma noite de sono mal dormido, ônibus lotado, stress do dia-a-dia, contas a pagar, chefe chato, empregado preguiçoso, filho com nota baixa na escola, trânsito infernal, TPM (própria ou das mulheres com quem convive), enfim, todos esses zagueiros desleais que enfrentamos e no fim de cada dia vencemos de goleada o jogo da vida, consagrando-nos os verdadeiros craques!

Parabéns, Ronaldo Nazário pelas várias batalhas vencidas e pelas alegrias dadas aos amantes do futebol, mas hoje eu prefiro parabenizar a cada um dos craques anônimos que nem sempre recebem salários milionários, mas mostram, todos os dias, formar um time de milhões de craques!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Vivendo certo mesmo que falando errado





“Dê-me um cigarro / Diz a gramática / Do professor e do aluno / E do mulato sabido / Mas o bom negro e o bom branco / Da Nação Brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada Me dá um cigarro.” Sabiamente escreveu o artista das palavras, Oswald de Andrade.


Anos luz separam a língua viva, falada pelo povo nos churrascos, nos bares, nas feiras, seja por quem for: padre, juiz ou pedreiro , da norma culta aprendida (será?) pelos alunos nas escolas do país.


Desconheço indivíduo que esquie nas geladas normas da graMÁtica (máscara burguesa) e não dê as suas várias escorregadas. É um gerundismo aqui, uma redundância ali ou uma discordância numérica acolá e, apesar disso, todos compreendem o filho duma mãe, ou seja, a comunicação se estabelece de maneira satisfatória, o que não raramente deixa de ocorrer quando se faz uso da norma culta.


Nada do que eu escrevi é novidade para a grande maioria, creio eu. A surpresa fica por conta de um livro que basicamente demonstra de maneira melhor elaborada o vazio que há entre o culto e o popular, ter grandes setores da imprensa , em geral do PIG, distorcendo o real sentido dos ensinamentos da obra “Por uma Vida Melhor”, da Coleção Viver, voltada para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).


Meu espanto só não é maior porque estou no país onde o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, engorda seus bens em 20 vezes em apenas 4 anos e isso é visto como algo normal. É a Wonderland das falcatruas. E é por isso que parafraseio Fernando Anitelli, “acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz!”


sábado, 29 de janeiro de 2011


Corrói minha’lma...

Meu bom humor...

Não consigo ser aquilo que fui um dia!

Mas por que?

Se eu soubesse não permitiria que o fato se consumasse...

Se você se entristece, imagine à mim...

Parece que sou um grande desconhecido de mim mesmo...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cosntruindo um novo mundo


Quem nunca pediu paz? Quem ainda não se imaginou vivendo num planeta pacífico, de indivíduos unidos e de vivência respeitosa e amorosa? Ou ainda, quem nunca quis simplesmente fugir para uma praia deserta, onde estivesse em contato exclusivo com o self ?

Acho que todos nós já nos imaginamos em pelo menos uma das situações supracitadas, mas poucos de nós fazem algo realmente útil para a construção da paz e do amor (e não precisa virar hippie pra isso!). Sim e isso dói inclusive em mim, pois sonho com um mundo melhor e, assim como muitos, me pego diversas vezes fazendo coisas que pouco contribuem para a construção desse mundo.

São demonstrações de intolerância, ausência de paciência e todos os ingredientes necessários para esse preparo tão complexo e ao mesmo tempo tão simples. Eu tenho pra mim que a mudança do mundo começa pela nossa cabeça.

Quantas discussões em nossas casas, no trânsito com pessoas que sequer sabemos quem são, de onde vem ou onde pretendem chegar, poderiam ser evitadas apenas com um sorriso e um inteligente calar-se?

Começar a tentar imprimir mutações desse tipo em nós mesmos deve ajudar, e muito a construir esse novo mundo, a promover uma era de paz e amor entre os povos. Afinal, queremos ou não construir um novo mundo?