domingo, 9 de outubro de 2011

O que somos, por que somos e como somos e fomos?


Boa parte da humanidade já deve ter se acostumado a se questionar sobre a sua atual situação, seja ela política, ambiental, moral, ética, enfim, refletir sobre o presente para tentar planejar o futuro faz parte da cultura humana. Isso porque o homem já percebeu que o futuro depende daquilo que ele faz no presente.

Alfredo Coelho confirma essa tese ao afirmar que “Todo momento é passagem entre o que foi e o que ainda não existe. Está em nossas mãos uma parte da responsabilidade de construir o que será”. Com isso, Coelho acaba por afirmar, também, que não há intervenção divina no futuro da humanidade que, segundo a interpretação sugerida à frase, a humanidade torna-se a única responsável pelas situações a serem enfrentadas nos dias vindouros.

Assim também o é em relação ao presente que acaba por ser nada mais que conseqüência do passado, formando uma espécie de teia onde tudo é explicado de pela sua causa. Sendo assim, os acontecimentos sofrem relação de causa e efeito.

O homem atual então é fruto de seus antepassados como corrobora Fritjof Capra ao dizer que “O homem não teceu a rede da vida: ele é só um de seus fios. Aquilo que ele fizer à rede da vida, ele o faz a si próprio”. Os filhos do homem atual, se existirem, serão novos fios dessa rede, dependendo o homem única e exclusivamente de si e do que faz de seus relacionamentos e do meio onde vive. Concordando com essas premissas, Sartre disse que “O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”. 
 
Sendo assim, a idéia medieval de que há um ser controlando os acontecimentos, castigando quem o desagrada, concedendo “favores” a quem segue as suas leis e vontades, acaba sendo abandonada pelos autores das citações acima, já que assumem uma linha de pensamento que abandona o “infinito”, o “inexplicável” e adotam linhas de raciocínio ligadas ao “finito”, ao “exato”; idéias que ganham força com o advento do Iluminismo, por exemplo, que veio a estimular também, várias reformas no modo de pensar e agir da humanidade, ou seja, o Iluminismo criou força e transformou a cultura da humanidade. “Tudo o que é aceito sem questionamento vira rotina” essa citação de Basílio Prim explicita bem parte do pensamento que começa a criar forças.

 As influências iluministas são um tanto vastas e realizaram mudanças na vida política e intelectual da maior parte dos países ocidentais. A era das luzes, como também é conhecido o Iluminismo, foi marcada por transformações políticas como a criação e concretização de estados-nação, o crescimento dos direitos civis, e a diminuição do poder de instituições como a igreja.

Muitos agregam às idéias iluministas a responsabilidade pelo nascimento das correntes de pensamento que caracterizaram o século XIX: o liberalismo, o socialismo, e a social-democracia.

O abandono da visão medieval significava a ascensão de uma visão racional, matemática, lógica da vida como um todo. A busca pela exatidão e pelo cientificamente explicável passa a ser o objetivo a ser a ser alcançado. A partir daí, pesquisas científicas começam a ser realizadas com maior compromisso com os resultados e os métodos para alcançá-lo. O racionalismo e o empirismo acabam por crescer e ganhar valor.

O homem passa então a se entender como indivíduo responsável por seu futuro e passa a tentar planejá-lo. Com o tempo, percebe que a experiência a vai ajudá-lo a acumular conhecimento para se projetar tempos à frente, de modo a definir um “caminho” a percorrer para que seus objetivos sejam alcançados da maneira mais rápida e exitosa possível.

Tudo isso por entender o encadeamento dos acontecimentos, logo, percebendo a existência da lógica dentro deles. O homem se percebe como seu senhor, como sua mais potente arma e como seu próprio inimigo, fica claro que depende de si. “O homem é o lobo do próprio homem”. (Thomas Hobbes).

Essa linha demonstra bastante coerência ao abandonar os misticismos. O universo é regido, mas pela lógica, pelo explicável. Para tudo há uma explicação racional, científica, mesmo que não seja conhecida ainda. A existência de algum ser regente e criador dos acontecimentos pressupõe que esse ser é dono da inteligência suprema, um ser que criou uma lógica para os fatos e a obedece.

O algo que boa parte dos homens supõe existir e comandar o universo é, de certo, portador de grande amadurecimento, pois deixa suas criaturas livres para agirem e desenvolverem experiências e conhecimento, de modo que sempre saibam explicar o que sabem, como sabem e porque sabem. 

O que acaba por “martelar” a cabeça de quem reflete sobre assuntos como esse é a origem da primeira “coisa”. Essa “coisa” teria surgido do nada? Se assim pensarmos, somos fruto do nada? Então o nada pode gerar frutos? Pensar assim só confirma-nos que acreditamos que tudo vem de algo, mas de que?

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